A Copa do Mundo do Catar, que sagrou a Seleção Argentina campeã em 2022, mobilizou o mundo em torno do futebol. Naturalmente, foi assunto em rodas de conversa, almoços em família e na escola. É que a Copa, recheada de astros como Vini Jr., Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi, atrai olhares de todas as idades, gêneros e classes, deixando os holofotes voltados ao esporte mais popular do mundo. Analisando dessa maneira, passa um filme na nossa cabeça, mas a verdade é que não precisamos ficar tão saudosos assim: neste segundo semestre de 2023 será disputada a Copa do Mundo Feminina. O formato dos jogos é igual ao torneio masculino, que consiste em fase de grupos, oitavas, quartas e semifinais e final. Até o momento, 29 países já conseguiram uma vaga na competição, incluindo o Brasil, que está no Grupo F.
Mas, para além das quatro linhas, existem inúmeras possibilidades de revisitar as emoções, usar o assunto como linguagem em sala de aula e, é claro, aproveitá-lo para expandir debates sociais importantíssimos. É ou não é um golaço?
Para se ter uma ideia da influência do futebol na vida dos jovens, em especial da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), um estudo realizado por Ana Flávia Assumpção, Head de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto Vini.Jr, *, mostrou que 84% dos entrevistados tinham interesse em acompanhar a Copa do Mundo Masculina, no ano passado. E uma informação super importante: dentre os fatores que mais os faziam se interessar pelo evento estavam os jogos da Seleção Brasileira e os encontros com familiares e amigos para acompanhar essas partidas. Ou seja, além do futebol como prática esportiva, as relações e sensações ligadas ao mundo da bola também impactam nos sentimentos desses torcedores. E é sobre isso que falamos diariamente no Instituto Vini Jr.: o futebol é uma linguagem universal e atemporal que fortalece valores sociais e pode ser usado como linguagem para tornar a aprendizagem mais lúdica e atual.
Neste sentido, acreditamos que a Copa do Mundo Feminina de 2023 pode contribuir muito para debates necessários na escola, sobretudo quando levamos em consideração outros traços da Geração Z como hiperconectividade, empoderamento e posicionamento sobre questões como feminismo, violência contra a mulher e equidade salarial. Temos no futebol uma ferramenta potente de mesclar a agenda cultural esportiva com assuntos tidos como mais “profundos” para esses jovens.
E, então, como podemos trazer esse tema para a sala de aula? Uma dica é aproveitar o ano letivo para, desde o começo, levantar questões que não dependem necessariamente do calendário da Copa. Podemos abordar, por exemplo, a igualdade entre gêneros, propondo redações sobre o tema, leituras guiadas, produção de murais, rodas de conversa ou oficinas de artes. Essa será a primeira Copa desde que as atletas das seleções do Brasil e dos EUA conseguiram equiparar seus salários com os jogadores das seleções masculinas.**
Uma outra abordagem, mais focada nos conhecimentos geográficos do torneio, pode trazer bandeiras e informações sobre a cultura dos países participantes. Que tal uma atividade que propõe a apuração de conquistas e desafios do campo feminista nos países do Grupo F, ao qual o Brasil pertence? Pode ser uma ótima maneira de cativar a atenção dos alunos, falar de futebol, empoderamento feminino e muito mais.
Na Educação Física, existem também muitas possibilidades: desde o trabalho social sobre a importância da igualdade entre gêneros dentro de campo até uma prática esportiva que “quebre tabus” de meninas que nunca antes tinham experimentado jogar futebol, por exemplo.
O fato é que, aproveitando que a Copa está fresquinha nas nossas memórias, podemos reacender essa chama e fortalecer esse papel educativo e social do futebol. Com um toque feminino ainda! Ou seja, um ótimo pretexto para aproximar alunos e professoras da Copa do Mundo de Futebol.
*O estudo foi realizado entre setembro e outubro de 2022 como parte do trabalho de conclusão de curso de Pesquisa de Mercado e Consumer Insights da ESPM.